quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Entre Coisas e Pessoas

Separando os objetos que serão vendidos/doados/descartados, posto que me mudarei em breve, deparei-me com meu antigo celular, um daqueles ótimos Black Berry Pearl 8100, da época em que a marca ditava as regras da telefonia empresarial em rede. Surpreendeu-me o fato de o aparelho ter ligado, mesmo sem ter recebido carga há 2 anos e como a questão da data e hora não havia se alterado (apontava o dia de hoje). Por suposto que o teclado já não funciona mais, por isso o troquei, mas o “mouse” dele, o roller ball, seguia perfeito. No entanto, apagar dado por dado apenas por essa tecla seria tarefa para dias...

Deixei o telefone de lado e fui ver a quantas andava meu antigo notebook, daqueles bons portáteis da Acer, dos tempos que a marca ainda era referência em laptops.
Na época em que o deixei de lado para retornar exclusivamente ao uso do PC, o bichinho, já com certa idade, andava lento, maltratava a paciência para qualquer coisa que fosse fazer. Em sua defesa, não era sua culpa estar lento, mas sim do antivírus, daqueles antigos e muito ruins da Avira que mal protegiam e emperravam tudo. Desinstalado o programa e voilà! O note voltou a funcionar perfeitamente!

Reparei que no laptop havia o aplicativo da Black Berry e resolvi plugar o telefone para tentar ter acesso aos seus dados via PC. Outra surpresa: com poucos comandos consegui ter acesso a todo o telefone e apagar todos os contatos, dados, fotos, mensagens, e-mails e informações presentes nele, assim não me pesará mais descartá-lo com toda minha antiga agenda (e vida) nele.

Minha surpresa se deve ao fato de que mesmo tecnologias antigas e “ultrapassadas” conseguem ser mais intuitivas, simples em sua engenharia, funcionais e duráveis que as novas. Passei anos com o aparelho e com o notebook. Usei o telefone de 2008 a 2013, o note um pouco menos, até 2012. O aparelho está com o teclado sem funcionar, o note segue em perfeito estado.

Todo esse percurso de retirar coisas antigas, revirar gavetas físicas e imaginárias, na verdade, foi também um momento de rememoração e saudosismo dos anos em que essas ferramentas me acompanharam, das vivências passadas e da nova vida que se mostra adiante. Curioso notar que, assim como certos objetos, algumas lembranças seguem intactas, outras completamente esquecidas e descartadas, outras, sem porque, são como aquele objeto qualquer que ficou guardado em algum lugar que não mexemos e quando por fim vamos organizar as coisas perguntamos "por que diabos isso continua aqui ocupando espaço?"

Encontrar nomes de pessoas na agenda que não vejo há quase 10 anos, como também, de pessoas que foram adicionadas há uns dois, traz na memória momentos diferentes, mas que por vezes se confundem. E trazem a pergunta: o que virá a seguir?
Por hora é tempo de separar, de deixar o passado seguir seu caminho, de tentar com menos ser mais e de superar a necessidade de objetos para relembrar dos bons momentos. Será que estamos prontos para mais uma aventura?