Certa vez, ela lhe contou sobre seus processos de se permitir que estava vivenciando, como eles a estavam transformando e o papel que ele tinha nessa caminhada. Ela lhe era muito grata pela paciência que ele tinha em lhe esperar, pelo tempo que fosse necessário. O que ela não sabia, porém, é o tanto que ela própria lhe ensinara também com esses processos.
Para ele, ela sempre fora seu local de proteção, onde era
verdadeiramente acolhido. Raras vezes em sua vida aprendera lições de formas
tão lindas e maravilhosas. Ela lhe pedia paciência para suas demandas. No
fundo, ela sabia que ele a esperaria. E ele a esperava. Pois ele sabia,
aprendera com ela, que mesmo quando dizia seus anseios mais profundos e até
difíceis de serem verbalizados, ela os acolhia. Ouvia, levava seu tempo para
assimilá-los, internalizava e voltava. E como voltava...
A grande alegria dele era notar que ela não o havia esquecido, que não
havia deixado de lado aquele menino tão cheio de pensamentos sobre coisas
confusas e salientes, que dizia tantas e tantas vezes que descobria coisas
maravilhosas sobre o mundo com ela, que descobria com ela coisas sobre ele mesmo
e como ela mexia absurdamente com ele.
Assim, nunca foi penoso esperá-la. Como também, esperá-la sempre o
surpreendeu. Pois quando voltava, sempre estava transformada, maior, mais
radiante. Tão radiante que sua luz enchia aquele quarto sem teto com a estrela
que trazia consigo. Quando voltava, era sua vez de ficar quietinho, observar e
aprender. Aprender com aquela mulher tão poderosa e generosa, que em seus
braços sentia uma paz genuína, sua voz o acalmava e o instigava a ir além, e em
suas pernas encontrava o melhor lar que já conhecera.
Tudo que ele fazia por ela não era nada comparado a como ela lhe enchia de força, esperança e desejo. Ela lhe ensinou que o amor é fogo, mas que também existem várias formas desse fogo queimar. Eles encontraram seu fogo próprio, uma brasa quente como um vulcão, mas perene e calmo como as mudanças profundas do tempo.
E assim eles viviam esse capítulo tão precioso de suas vidas. Ambos se
permitindo. Um passinho de cada vez para cada um. Cada passinho dado gerava o
impulso necessário para o outro vir junto, não importando o tempo que fosse
necessário para o outro acompanhar. Sempre juntos, sem pressa, pois cada novo
lugar tinha suas delícias e suas incertezas acolhidas. Em cada novo lugar se
encontravam maiores. Na balança de todas as coisas havia a confirmação de que
não erraram em escolher um ao outro nesse lugar tão encantado.

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