quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

vai que não é sua, razão
























encaracola
encaracolá-me em seus olhos
sem
por
em

com densos cachos
me equivoco
confundo dor
essa cor

me cega

um instante

não entendo
o que passou

desprego
esqueço meus restos
veto todo sou
te enxergo

não é tudo que eu quero
e que se dome o amor


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

De improviso para o incerto (ou, resposta a(o) pessoa)

a tudo que me entrego
daquilo que é incerto
sei desse subjetivo
um mole tão concreto

amo-o e tenho medo
tenho medo desses mares
tenho medo das correntes
amo e desdenho o incerto


o tempo me ocupou
o espaço se tomou

e então
o vento me levou

não sei porque
ainda não sei pra onde

vagueio

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

se me deixas em paz

insegurança
me segura
que eu não quero cair

a confiança passou por aqui
me enrolou pelo pé
e disse que não posso mais

pelo visto vou sair
me distrair
até te querer mais

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

todos diziam que era medo















quero casar-me com o vento
mesmo que seja pra contrariá-lo

na esquina
ao me ver passar
não repare
me prontei pra você

pronto
pra mais que um
-te amo-

pronto pra me deixar levar
mesmo que nenhum lugar

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sonhe, minha criança...


Escutava dia-após-dia o mesmo discurso, as mesmas promessas vazias, os mesmos acordos e alianças sórdidas. Tudo com uma nova roupagem que, como sempre, fugia ao que precisava ser feito e se atinha ao desnecessário. Há muito se envergonhava com tudo isto: uma linda imagem do resgate de bravos do sul emoldurada por uma ardilosa jogada política de massiva exposição dos governantes; em outro canto, a omissão de políticos em enfrentar as verdadeiras lutas levava-os, como sempre, a abaixarem suas cabeças e abrirem suas pernas em busca de seu lugar à sombra.

Sua vergonha perpassava por vários aspectos. Em cada recanto que observava, a corrupção estava presente em várias formas e níveis, ao mesmo tempo, seguia sendo profetizada a falácia que o país era laico, multirracial, pertencente a todos, que aceitava bem seus diferentes...

Perguntava-se o por quê que as máscaras nunca caiam, por quê que não jogavam direito, por quê que não eram Homens, por quê que não sangravam como todos os demais, por quê que essa sujeira nunca era lavada...

Sem mais o quê poder fazer nem ter um norte que seguir, sua solução foi ater-se aos seus princípios, retornar aos seus fundamentos, que aos olhos dos demais pareciam inocência ou fundamentalismo. Pensassem o que fosse, a verdade é que se cansara de tudo aquilo, não desejava mais essa imposição, decidira-se por um caminho quase esquecido, que não lhe permitiria ter companhia em sua escolha.

Jamais realizar concessões, jamais compactuar com os sórdidos, jamais aceitar a opressão e a ameaça, amar sua pátria, família e os seus; esses eram seus princípios básicos que por algum tempo foram deixados de lado em prol da idéia de que um mal menor seria melhor que um maior. Essa decisão apenas aumentou sua vergonha, pois naquele momento compactuou com o que sempre lhe pareceu errado. Mesmo um mal menor ainda é perverso e optar por essa via mais fácil é fraqueza, é fugir à luta, é fazer parte e promulgar o problema.

Decidiu dizer não a tudo aquilo, decidiu, por fim, diminuir e retornar ao que era, afastar-se das discussões vazias de significado, ater-se a uma existência mais humana sem os vícios que tanto lhe sopravam aos ouvidos oferecendo-lhe prazeres sem fim. De forma inesperada sabia dos riscos e da agonia de suas escolhas, uma vez que se auto-exilara. Por outro, lado sentia-se mais forte que nunca e finalmente suas possibilidades se tornavam mais que meros anseios pueris.

Ao mesmo tempo, algo mais se fazia presente em seus pensamentos, uma pequena voz a lhe sussurrar por detrás de todas as coisas que lhe tomavam todo seu tempo e energia. Os sussurros lhe pareciam incompreensíveis, pois havia tanto que fazer, nunca havia tempo para seus próprios tormentos. Por outro lado, quando parava com seus obrigações e finalmente sem perceber baixava sua vigília, os sussurros lhe cantarolavam algo que lhe remetia a algo elementar, algo que reconduzia a um princípio, uma renovação, algo mais simples e definitivo, alguma coisa a ver com purificação, algo a ver com...



Já em devaneio a pequenina voz em êxtase toma corpo, se apodera de sua consciência e lhe diz em um modo doce e sutil: é tempo de sonhar com fogo, minha criança!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

tudo pelos mais belos ares

até no amor eu procurei a ficção
por isso ele se explodiu
por isso ele se mantém

talvez

Ensinamentos de Jards

- T, não é preciso nem chegar no cemitério pra ver que vale a pena ser poeta...
- MaS, e aí, você topa ir pro Flamengo?
- Que saco essa sua mania de flamento,T.
- De toda essa regiao comprida, é a que me encanta mais, com a que me identifico mais...
- Bobagem! "A bossa nova não existe. O que existe é samba"
calo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Da série: Ensinamentos de Jards - Quase um Mão Santa

Incrédulo com as reviravoltas do pensamento de Jards, ainda em Botafogo, aquela história incendiava minha mais recente memória.
***
Sujeito inquietante, porém mais inquieto, no Jardim Botânico, Jards nem andava reto.
Sujeito do calçado, amante do passado, em cima de sua amada, lá sim, o mal concreto.

"Qué sujeito mal amado, olha o tamanho desse auto em cima da calçada. T, acho que vou ver Riscado"

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Da série: Ensinamentos de Jards

Passos e mais passos pela vasta Real Grandeza, Jards filosofou e comprou uma maça vermelha.
- a maça é o amor.
- Jards, eu quero comer a maça.
-T, a maça é minha.

Ensinamentos de Jards

Jards, seus olhos continuam vermelhos e eu não tenho lenços de papel.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nas Margens do Rio Branco (ou Nas Costas de Pedro Costa) (ou ainda, Branco que te quero branco, tapioca)















é aqui que me desvencilho
de tudo que acredito
de tudo que tem dito

imagina se da dor

desliga o rádio
embalo o cinema
abafo o amor
amontôo e já de canto
tudo de ranço
a flor
o amor

do improvável
só me apego a sorte


assim
espero do concreto
incorporar-me de todo reto

isso, não se esqueça do resto
que como um direto
te arrebatou

encaixoto-o, amor
rio
veja que já passou
e logo passo
nú e desnudo
crú
crú
nu rio

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Amanhã fará um dia Branco.


Entre tantas vírgulas o sentido se fez perdido. Já era hora de parar, mas ainda havia tanto por fazer... Não hesitaria em prometer uma vez mais o Sol como sendo o fiel de seu segredo, caso houvesse a necessidade de, novamente, provar seu valor. Não conseguia resistir aos encantamentos de tal possibilidade e apegava-se a seus devaneios como se fossem sua última opção.


Certo era que não havia caminho que seguir. Como velhos enlatados, parecia que tudo se repetia: Lixos Humanos que legislam tentam falsamente demonstrar que representarão os tolos que lhes crêem, e mais uma vez essas tristes marionetes se escravizarão logo após a tecla verde.

Escolha? Não há.


Na Democracia vendida tem-se o direito e a obrigação ao voto, outorgando aos tolos a responsabilidade de legitimar seus algozes.

Culpados? Os tolos que os escolhemos! Como diz o discurso que vende e justifica tantas coisas, inclusive a meritocracia, “Quem errou foi quem os colocou lá! Demos poder ao povo e olha só o que ele fez... Que prestassem melhor atenção! Que culpa tenho eu se a maior vergonha do Distrito possui mais tempo do que qualquer outro candidato no horário eleitoral?


Com uma elite cega, medrosa, escrava da estética, auto denominada internacional e omissa por ser beneficiada pelo governo de direito; Uma classe média sufocada, vendida e calada à esperança do servidorismo público, que deseja ser o de cima, mas que esquece que está mais próxima do de baixo; e com as classes baixas cada vez mais entregues à sorte de Jesus, silenciadas pela polícia e pelos altos muros; caminhamos quase todos juntos rumo a um fututo nunca antes visto na história desse país, acompanhando os preparativos para 2014 e 2016, afinal somos a Vedete do Mundo...


Não lhe havia mais espaço para a vergonha. Como os poucos milhares que se importavam, pouco podia fazer... Reclamar com quem e Para quem? Uma vez que os canais existentes protegem os culpados. Nada mais lhe fazia sentido... Mas ainda haviam tantas vírgulas... tanto o que pagar e nenhuma garantia de que seu investimento não seria em vão. Com tantas promessas em curso não fazia sentido dizer mais uma. De todo modo, o Sol sairá amanhã, como sempre tem saído, e como sempre, nessas terras ditas abençoadas, fará um dia branco.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

e o dia estava lindo

"Nunca gostei do excesso de realidade(...) Na cidade eu procuro a ficção"
M.V. Faustini


tudo me lembra a poesia
e tudo me lembra dor

preciso desencharcar as entrelinhas
preciso secar a linha
diminuir as luzes
desfocar, sair do plano, até embaçar

lembra da melodia, Nelson?
lembra de encharcar as entrelinhas, D?

Da cidade vazia
da W3, 3 com W
tudo me lembra o plano
cartesianamente desfocado
debochado
decotado

***

onde a cor não tem razão.

domingo, 18 de julho de 2010

assim como teus olhos

















a poesia não é feita de rima
é feita em cima
parte pra cima
e reclama da dor
amor
pavor

poesia essa que não tem métrica
é disléxica
feita no compasso
cai
se vai
amarra o cadarço
e morre de amor

tropeça, cai no riso
as vezes de improviso
a minha eu vomito
quase sempre quase minto

olho
colo
rio pra rima
e desola-dor

domingo, 4 de julho de 2010

Bons Tempos para uma Mudança.


Quando as luzes diminuem parece que algo lhe surge à mente.
"Por que ser tão masoquista? Seria possível? 
- Bons tempos para uma mudança"... - pensa ainda na penumbra.

Sua voz emudeceu, mas ainda assim conseguia manter-se em pé. Com suas últimas forças, ao mesmo tempo em que não sabia ao certo se falava sinceramente, disse uma última vez: "por favor, deixe-me".
Tinha medo dessa frase, uma vez que aquilo que pretendia abandonar fora sua glória e seu pior fracasso

- Por favor, deixe-me...
No entanto, noites sem fim sonha em poder ter aquilo que ama e odeia, embora já não saiba ao certo o porquê que ama e odeia essa patologia que fortalece ao mesmo tempo em que rouba a lucidez.

- Por favor, de uma vez por todas, deixe-me. Diz engasgando.
Não há mais forças para lidar com esse monstro imaginário tão sedutor, tão destruidor... que promete tanto, mas que foge ao abrir dos olhos. Companheiro das noites insones cobra tão caro por suas ilusões criadas sobre contos infanto-juvenis. Tudo já lhe fora entregue, porém ainda quer mais, mas já não há de onde tirar, o que restou quase não permite rastrear o que outrora existiu.

- Uma vez em minha vida, deixe-me...
Tão gentilmente como lhe é possível ser, junta os cacos de sua última discussão, guarda para outra hora seus afazeres, apaga a última luz e espera para que seu pedido seja aceito. Adormecendo, deseja que tal mudança se concretize e que seu doce e triste sentimento onírico possa ir-se de uma vez por todas... Prestes a perder à consciência uma voz lhe sussurra: "E se eu for, o que você fará"?

domingo, 27 de junho de 2010

observador inerte

















*enquanto a lua se desfaz*

vai minha menina
desarma o karma
não tem mais jeito não
o céu desandou
a enseada raiou

e aquela pedra
que não cantou
você nem passou
eu olhando
olhando
você passou

sozinho no carro
pensando que ali
minha ilusão desarmou
o espelho partiu

foi o meu céu que abriu

segunda-feira, 21 de junho de 2010

caminhos de rato


























e tudo se volta contra ele
de um desperdício de teto
veto! tudo por causa de uma dor
maior do que seu peito
delirante dor
dói no estômago
dói no peito


tudo parece pouco
de fascinate a decepcionante
do árido
flores broxantes

as luzes apagam e se apagam
a estrada que não leva a mais nada

ali
onde jazia a esperança
ele espreita a dor
na dor
sua última chance de esperança

ele e nada dele

terça-feira, 1 de junho de 2010

exorciso me de ti















comecei a escrever
para pedir perdão
por evocar em ti
enfim
o que não me tem razão
de ti o que não me presta
de mim, aquilo o que não resta
escrevo, delineo
mesmo sabendo
que de ti daí
nem mesmo
um sim-ples não



quero estancar
sem te pedir perdão
***

de quem te vê cada dia maior

terça-feira, 25 de maio de 2010

declaração em tom maior
















junto com os dia
com a manhã
o seu sorriso

traçados em seu rosto
que contam
não contam
eis
vossa história
nossa história
nossa velha e longa história

...

te quero
não te quero mais menina
convicto que sou
te quero minha menina

e se de teu jardim
já não
tantas rosas

lá as que hoje quero mais

amargo, não te quero doce

des-corados
leves, leve-os
frageis
sábios
deixe-os leve
seus cabelos

gris, anis...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Referências e Reverências.


O Castigo para o Crime é algo posto de lado, a memória é fraca e a Vida, que parece não ser tão Bela, cobra-lhe um ritmo inconteste que não permite se olhar mais além das aparências.

Cansado de tanto Ter Que Atirar Com Esse Arco e Flecha sem nada atingir, começa a se perguntar se tudo não seria uma Grande Ilusão. Por suposto seguem os discursos sobre a Democracia na América, mas essa não é a terra das oportunidades como tanto se vende nos Anúncios de Tv.

Entre Umas e Outras, sentia vontade de ser Replugado. Ouvira seu professor orientador lhe dizer anos atrás que não sabia exatamente o porquê que seus alunos haviam escolhido esse caminho. Sinceramente nem mesmo os alunos o sabiam, no entanto, acreditavam, com uma bela ignorância, que sim. Tão ingênuos, tão tolos... Ao fim, aprenderam coisas, coisas que não permitem voltar atrás, coisas que decifram os erros e destroem a credibilidade nos homens.

Por Que Não Tomei a Pílula Azul ao invés da Vermelha? – pensou ele - Por que quis Ver Até Onde Ia a Toca do Coelho? Não me arrependo de minha escolha, claro, mas seria bom Sentir o Gosto da Carne e do Vinho uma vez mais ao invés desse Compensado de Nutrientes.

Sentia-se um Idiota, apesar de Não Ter Feito Nenhuma Idiotice. Sabia que tudo era fruto de um Gene Egoísta que regulava tanto a Economia como a Sociedade. Tudo fora obra de um Processo que não Compreendia. Fora Arrastado até ele, Submetido, Julgado Culpado por Pessoas que Nunca Conhecera, por Tribunais que Nunca Ouvira Falar. Tornou-se um Outsider por nunca ter se Estabelecido.

Parecia que todos estavam cegos de uma espécie de Cegueira de Luz Branca. Tão Orgulhosos, tão Preconceituosos, pensou. Mal sabia ele que seria Necessário Uma Experiência de Sete Solidões, ou seriam Cem Anos?

- O Mundo É Teu - diz saudoso em sua Carta Ao Pai - mas não te esquece que te Tornas Responsável pelo que Cativas, sendo assim, Retorna como um Rei, O Invencível Cavaleiro das Trevas, e assume teu lugar de direito. Sê Aquele para o qual treinaste toda uma vida para ser. Eles São a Doença e Tu És a Cura. Ergue-te uma vez mais como um Titã. E sê o salvador para esse povo moribundo.

Os Ventos da Liberdade, havia algum tempo, sopravam a seu favor. Contente com seu novo caminho desejava pela primeira vez poder fazer as coisas de um modo diferente.
Já era seu Tempo de Voltar.

Naquela manhã, para começar, Disse Que Ela Própria Iria Comprar as Flores, num rompante de determinação há muito não visto. Por outro lado, Desejava ter um Teto que fosse Todo Seu, mas por hora aceitava a condição que lhe fora imposta. Não queria pedir demais, afinal tudo lhe era misteriosamente novo, até lhe parecia que, de certo modo, estava Sob Um Céu que a Protegia. Sentia-se Humana, Demasiada Humana. De uma só vez pôde ajudar a todos que lhe necessitavam, tornando-se A Rainha do Reino de Consciência daquele que, já fazia algum tempo, caminhava ao seu lado.

Em seu caminho Rumo Ao Farol, pôde por fim constatar toda a Intrasitividade e Liquidez do Verbo Amar. Sem pensar duas vezes seguiu adiante sem se arrepender ou sem desejar que algo fosse diferente. Conhecia Os Sofrimentos Daquele Jovem que tanto a intrigava, mas Nunca Fora Tão Feliz como naquele momento.


- Não, Não Podemos Ser Como Eles, concluiu indignada - E nesse intento destinado ao fracasso, esquece-se que nosso Processo Civilizador foi distinto. Nosso Espirituoso Capitalismo passou ao largo de uma infundada Ética Protestante, ou seja lá qual foi a Genealogia de nossa Moral. Olhando para suas próprias experiências, Eles procuram as causas de nossas Histerias por não conseguirmos reproduzir seus modelos; mas se esquecem que, no muito das vezes, Um Charuto é Apenas Um Charuto.

Não necessitamos ser igual a eles, não podemos ser igual a eles, não conseguiríamos o ser, nem tampouco o desejamos.



Aos mestres imortais que incentivaram várias dessas linhas, meu eterno carinho e admiração.

terça-feira, 27 de abril de 2010

fugidas da censura
















atordoado é fácil ter os pés no chão
culpado é fácil pedir perdão
apaixonado, dizer não


de quando o nonsense parece o caminho da razão

domingo, 25 de abril de 2010



deitada na cama, presa em suor, Jose sentia tudo ir embora.
José vendo sua companheira afogar, embica palheiro atrás de palheiro. O que há de fazer? nada, nada, nadar...
Jose está nadando, a sua entrega às reações do corpo respondem a tudo que sua mente orgulhosa tentou deter.
Amor. Dor. Suor.
O guarda-chuva para um dia de sol deve refrescar.Chega a hora de José se mandar. Segue o rastro, anoitece, o rastro aéreo e amarelo. Uma longa caminhada... (mas) para quem não tem nada a fazer...
Mais um dia. Mais uma visita.
Jose dá sinais de ânimo.
José, de cansaço.
Jose lhe diz que pode deixá-la.
José: eu ainda posso ficar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

aperitivo imagético




O que aprendi nos relacionamentos que tive?
De um grande amor... levei o cigarro.
De outro, a poesia.
(silêncio)
acho que estou me tornando um homem.
(silêncio)
(es)pera, eu ainda acredito no amor.

***fim***

Siga em Frente.


Quantos mundos resolveram aparecer assim, de repente? Nenhum deles possui domínio sobre os demais, ao passo que todos se chocam e fazem uma desmedida confusão naquilo que nunca teve ordem.


- Siga em frente, diz a voz.

Mal sabe ela que não há para onde seguir. Essa frente apenas aponta praquilo que jamais foi sonhado, um derradeiro e triste fim para toda paixão que um dia já pôde existir.

Não se trata do quê poder, nunca se tratou, é algo mais além que, sem ter conhecimento, carrega, sem piedade e sem esperar, a tudo e a todos.


- Siga em frente, aconselha a voz.

- Como?

Como aprender o que é desnecessário e ter de esquecer o que é fundamental?

Nada é por acaso e ainda assim segue esperando. É até engraçado. De tão trágico se torna engraçado.

Aquilo que o constitui nunca é levado em conta sendo, aos poucos, esquecido; como todas as coisas que perdemos pelo caminho.


- Siga em frente, ordena a voz.


Ela se deu conta e se desesperou ao ver tudo ser carregado. A desilusão se fez presente...


- Siga em frente, insiste a voz.


Ele percebeu-se fragmentado pelos tantos papéis que desempenhava, sendo que nenhum era mesmo ele.


- Siga em frente e seja gentil, profetiza a voz.


Quanta confusão é possível antes do amanhecer?

Seu rosto muda como mágica, as rugas desaparecem e surge em seu lugar o que todos querem ver.


- Siga em frente e tenha esperança, acalenta a voz.


Ele cansou de ver tudo ser levado, mas impotente nada pode fazer; e como um tolo, segue esperando...


- Siga em frente, pontua a voz.

Ninguém mais consegue.


- Siga em frente, sussurra a voz...