sexta-feira, 23 de abril de 2010

Siga em Frente.


Quantos mundos resolveram aparecer assim, de repente? Nenhum deles possui domínio sobre os demais, ao passo que todos se chocam e fazem uma desmedida confusão naquilo que nunca teve ordem.


- Siga em frente, diz a voz.

Mal sabe ela que não há para onde seguir. Essa frente apenas aponta praquilo que jamais foi sonhado, um derradeiro e triste fim para toda paixão que um dia já pôde existir.

Não se trata do quê poder, nunca se tratou, é algo mais além que, sem ter conhecimento, carrega, sem piedade e sem esperar, a tudo e a todos.


- Siga em frente, aconselha a voz.

- Como?

Como aprender o que é desnecessário e ter de esquecer o que é fundamental?

Nada é por acaso e ainda assim segue esperando. É até engraçado. De tão trágico se torna engraçado.

Aquilo que o constitui nunca é levado em conta sendo, aos poucos, esquecido; como todas as coisas que perdemos pelo caminho.


- Siga em frente, ordena a voz.


Ela se deu conta e se desesperou ao ver tudo ser carregado. A desilusão se fez presente...


- Siga em frente, insiste a voz.


Ele percebeu-se fragmentado pelos tantos papéis que desempenhava, sendo que nenhum era mesmo ele.


- Siga em frente e seja gentil, profetiza a voz.


Quanta confusão é possível antes do amanhecer?

Seu rosto muda como mágica, as rugas desaparecem e surge em seu lugar o que todos querem ver.


- Siga em frente e tenha esperança, acalenta a voz.


Ele cansou de ver tudo ser levado, mas impotente nada pode fazer; e como um tolo, segue esperando...


- Siga em frente, pontua a voz.

Ninguém mais consegue.


- Siga em frente, sussurra a voz...

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